Veneno
Não foi de repente, foi aos poucos. Dia após dia. Ela acabou virando um veneno para as pessoas, acabou virando um veneno pra mim. Com o tempo ela deixou de ser um veneno qualquer, desses que vem escrito na embalagem que faz mal, que é feito pra matar. Ela se transformou em algo que mata fazendo um bem que nunca existiu, que engana e faz perder todo o controle. Daqueles que chega a parecer remédio, que parece que faz bem. Só que um dia se perde os limites e é perigoso quando se toma o próprio veneno. Mas quem pode julgar se ela já tomou venenos iguais, se ela por diversas vezes já morreu envenenada, se ela foi obrigada a aprender? Ela sofreu, mais do que achava que podia. Ela amou, mais do que podia ser capaz de amar, ninguém a amou de volta e todo amor mau cuidado vira ódio, vira veneno. E ela se injeta todas as manhãs doses exageradas de verdades que causam medo, que matam o amor. E é assim todo dia desde a ultima vez que viu um sorriso e achou ser sincero, desde a ultima vez que ela sorriu por alegria. Ela faz questão de esconder todo e qualquer sentimento bom que ainda possa sentir, não acha justo mostrar já que nunca alguém quis pagar o valor que lhe era digno. Lentamente ela soube ser um veneno contra tudo que tentava lhe chegar até os ouvidos, contra tudo que tentava de alguma forma atingir o coração. A pureza se foi com cada pessoa que ela deixou entrar sem merecer, a inocência foi acabando cada vez que era injetado mais uma dose de veneno e o que as pessoas são capazes de ver agora não é nada mais do que um sorriso cheio de vontade de destruir todos que se mostram fortes. Ela nunca foi forte, nem esperta, teve que aprender de o jeito mais doloroso como lidar com todos aqueles venenos. Guardou todos os pensamentos bons e deixou de acreditar em meias verdades.
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